Um novo tipo de impressora tridimensional vai provocar uma revolução tão grande na Informática, como a invenção da imprensa por Gutemberg, 500 anos atrás. Com o complicado nome de estereolitógrafo a laser, essa impressora é capaz de produzir peças tridimensionais em plástico ou metal, de uma maneira tão fácil e rápida quanto uma impressora convencional, usando tinta sobre papel.
O estereolitógrafo funciona da seguinte maneira: um potente raio laser, comandado pelo computador, é projetado sobre um recipiente contendo um polímero liquefeito (uma espécie de plástico, que se solidifica em contato com a radiação do laser). Utilizando um desenho detalhado da peça que se quer fabricar (planta baixa), o mesmo é dividida em "fatias" pelo software. Cada fatia é esculpida pelo raio laser, que traça seu contorno no polímero líquido. A medida que ele percorre o recipiente, é formada uma película sólida com o mesmo formato da fatia. Em seguida, o recipiente é abaixado uma fração de milímetro, e o raio laser traça a fatia seguinte da planta computadorizada, que também se solidifica, se ligando à anterior. Desse modo, objetos tridimensionais complexos podem ser fabricados em pouco tempo.
Existem inúmeras aplicações para os "fabbers", como foram apelidadas essas máquinas fantásticas (diminutivo de fabricator, em inglês). Por exemplo, a Chrysler produziu com uma delas um molde tridimensional detalhado para o seu novo motor, que tinha sido projetado em computador por um sistema de CAD (Computer-Aided Design). Examinando o modelo, descobriu-se um furo para inserção de um parafuso, no bloco, que estava ligeiramente desalinhado. Desse modo, poupou-se milhões de dólares e muitas dores de cabeça, ao se eliminar um erro que seria percebido muito mais tarde. Em outra aplicação interessante, o Centro Médico da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) produziu um molde tridimensional do crânio de pacientes, a partir das "fatias" de imagens obtidas em um tomógrafo computadorizado. Os modelos são usados pelos cirurgiões para planejar operações complexas de correção de defeitos faciais. Em outra aplicação ainda mais futurista, a Marinha dos EUA planeja substituir os estoques imensos de peças necessárias para a manutenção de suas belonaves em alto mar, por um estereolitógrafo capaz de produzir moldes sinterizados de qualquer tipo.
O Dr. Marshall Burns, presidente de uma das várias empresas que já estão com estereolitógrafos no mercado (custo de um deles: 200 mil dólares), acha que eles ficarão cada vez mais baratos, e que dentro de uns 15 anos, no máximo, existirão modelos para computadores pessoais. Se isso acontecer, é difícil prever o que poderemos fabricar com essas máquinas. Por exemplo, poderão existir aparelhos de fax tridimensional ! Realmente, basta combinar um "scanner" tridimensional (já existem vários modelos) e um modem, em uma ponta da linha telefônica, e um fabber na outra. Você poderá mandar para qualquer lugar do mundo a planta detalhada de um objeto tridimensional, por mais complexo que seja, que será reproduzida fielmente no seu destino. Usando a nossa imaginação um pouquinho mais, podemos prever o surgimento de milhares de fábricas "virtuais", que venderão seus produtos através de redes de computadores, e que serão fabricados diretamente na casa de quem os compra, desde bijuterias e esculturas decorativas, até peças de reposição para computadores ou modelos tridimensionais de moléculas, para o ensino de química.
Com essa, está enganado quem pensava que a realidade virtual é o máximo de realismo que um computador pode criar. Com os fabbers, você poderá admirar, tocar e manipular essas criações, que poderão ser objetos reais e de uso prático, ou então meras abstrações tornadas concretas (como um gráfico de computador, por exemplo). Surgirão novas formas de arte, e a engenharia e a arquitetura serão viradas de cabeça para baixo. Ou existirão coisas mais loucas ainda: que tal os futuros papais levarem uma bonequinha de plástico para casa, depois do exame de ultrassom, moldada exatamente como o bebê que vai nascer ?