Ultimamente, esta coluna começou a ter títulos crípticos como esse. Mas não se aborreça, caro leitor, o objetivo é, ao mesmo tempo, chamar sua atenção, e usar um velho truque da Informática, que é o de usar abreviaturas curtas para explicar coisas longas. Pois o título aí em cima, traduzido em linguagem de gente, significa apenas: Hypertext Mark Up Language at Compact Disk, Read Only Memory... Ou, em bom português: Linguagem de Marcação de Hipertexto em um Disco Compacto de Memória Apenas de Leitura.
Não melhorou ? Continua sem entender ? Então vou explicar melhor.
HTML é a "linguagem" básica usada pela WWW, a World Wide Web, o serviço multimídia da famosa rede mundial de computadores, a Internet. Todo documento multimídia colocado na WWW precisa ser codificado em HTML, que especifica para o programa visualizador (como o Netscape, o Mosaic, etc.) como ele será exibido, ou seja, o tamanho, tipo e colocação dos caracteres de texto, a inserção de figuras, etc. CD-ROM, por sua vez é o também famoso disquinho laser, usado por nove entre dez dos produtos de multimídia para PC's atualmente oferecidos no mercado. Até recentemente, cada macaco vivia muito feliz em seu próprio galho: enquanto que o HTML era usado exclusivamente nas apresentações multimídia da WWW, os desenvolvedores de CD-ROMs usavam apresentadores e linguagens de apresentação próprias para seus produtos, tais como o Media Director, o Assymetrix ToolBook, etc. O objetivo, entretanto, era o mesmo, ou seja, utilizar uma forma de especificar uma apresentação multimídia.
O ideal, entretanto, seria a coexistência das duas abordagens, na Internet e nos CD- ROMs. Ter uma única plataforma de apresentação seria um presente dos céus para os desenvolvedores e os editores de material multimídia, porque muitos produtos de informação poderiam ser vendidos simultaneamente através dos dois formatos. Utilizar o ToolBook e outros aplicativos altamente específicos, desenvolvidos para o mercado "desktop", e que não funcionam em rede, era inviável tecnicamente (sem falar no preço, alto demais). O HTML, por outro lado. é considerado ainda extremamente primitivo em recursos, pelos desenvolvedores de CD-ROMs, inibindo a criatividade.
Entra um produto revolucionário e de altissima credibilidade, que deve contribuir fortemente para acabar com esse impasse, em minha opinião. O CD-ROM da Encyclopaedia Britannica, versão 2.0, acaba de ser lançado pela empresa, e está nesse exato momento residente no drive de meu computador. É um produto interessante, por dois motivos. Primeiro, porque tem a minha amada Encyclopaedia BritannicaMerriam-Webster Collegiate Dictionary, um dos melhores do mundo. Segundo, porque o software escolhido para visualizá-la é o Netscape, o programa mais usado na Internet !! Essa estratégia deu uma enorme vantagem comercial à Encyclopaedia, pois pode oferecer, sem necessidade de desenvolvimento adicional, a mesma base de textos e imagens através do CD-ROM (custo: 650 dólares) e WWW (custo: 150 dólares por ano). O CD já vem com todo o software necessário.
A solução idealizada pela Encyclopaedia é um verdadeiro "ovo de Colombo". Para permitir a busca por palavras chave, que é o cerne de um programa útil de enciclopédia multimídia, o CD instala no disco do usuário um servidor CGI-BIN, que quer dizer (olhe as abreviaturas de novo...) Common Gateway Interface Binaries, que até recentemente só eram executados em ambientes de rede TCP/IP (o protocolo básico da Internet). Isso dá o que se chama "capacidade WAIS" ao seu humilde microcomputador monousuário (de novo: WAIS significa Wide Area Information Servers, e é um mecanismo de busca de bancos de dados disponíveis via Internet).
A interface de consulta, então, é uma coisa cada vez mais conhecida, que é o Netscape, o que elimina qualquer dificuldade de treinamento do usuário. Resultados de pesquisas são gerados na hora, e os documentos acessados, bem como as imagens, podem ser impressos ou copiados para disco, usando os mecanismos nativos do Netscape. Genial ! Espero sinceramente que essa moda pegue, pois seria uma padronização muito bem vinda.
Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas,