Embora as células-tronco embrionárias sejam raras, ao longo do desenvolvimento fetal existem outras, que vão surgindo em linhagens sucessivas, que podem também se diferenciar em vários tecidos diferentes, mas de uma forma mais restrita. São as células pluripotentes, ou células-tronco germinais fetais, que também podem ser obtidas de embriões humanos abortados. Por exemplo, já foram identificadas e mantidas em cultura células-tronco mesenteliais, que podem dar origem a músculos, ossos, gordura e outras células de suporte do organismo (tecido conjuntivo).
O corpo possui outras células-tronco, que continuam a existir até mesmo na idade adulta. Por regrar restritivas é que os grupos pró-vida americanos, que são contra o aborto e a reprodução assistida ("bebês de proveta"), por motivos religiosos ou éticos tinham conseguido influenciar o governo. A única fonte de células-tronco totipotentes e pluripotentes são embriões geralmente obtidos de tentativas de fertilização in-vitro, que existem literalmente às centenas de milhares, congelados em nitrogênio líquido, em clinicas e hospitais que realizam esse procedimento.
Explicando: quando um casal tem dificuldade de ter filhos, uma das técnicas mais usadas é retirar vários óvulos da mulher (geralmente induzidos por poderosas doses de hormônios), e fertilizá-los fora do corpo, usando o esperma do homem. Os embriões assim formados se desenvolvem por alguns estágios ainda fora do corpo, e, se viáveis, são implantados no útero (da mesma mulher, ou de outra, a chamada "barriga de aluguel") para crescer. Os embriões gerados em excesso são armazenados para fazer outras tentativas, caso as primeiras implantações não funcionem (apenas 20% funcionam), mas acaba acontecendo quase sempre que sobrem embriões. Atualmente muitos países proíbem a destruição desses embriões, ou seu reaproveitamento para pesquisas científicas. Isso está gerando um enorme problema, pois depois de 5 a 7 anos em estoque os embriões podem degenerar em qualidade e não podem ser mais aproveitados para doações ou implantações.
Como é evidente que milhões de vidas poderão ser salvas, e outras centenas de milhões de pacientes em todo o mundo poderão ser curados se a pesquisa com células-tronco puder avançar, a decisão do governo norte-americano é muito bem vinda. No entanto, os problemas éticos continuam, pois não podemos perder de vista os limites que impeçam o abuso (imaginem um, apenas: alguma empresa pagar pessoas para doar óvulos e esperma para produzir embriões, que serão em seguida destruídos para aproveitar as células-tronco).
A Associação Americana para o Progresso da Ciência (www.aaas.org) recentemente emitiu um relatório sobre a pesquisa com células-tronco, em que recomenda que somente embriões doados pelos seus legítimos pais sejam usados em pesquisas. É uma saída, mas que vale apenas para os EUA. Limitações éticas rigorosas como essa não costumam ser seguidas por empresas, e muito menos por outros países.