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 Colaboração visual

 

 Renato Sabbatini

Colaboração visual é o novo nome, mais abrangente, dado à videoconferência. O nome é apropriado, pois o objetivo da videoconferência é exatamente isso: colocar em contato através de um sistema de vídeo e áudio duas ou mais pessoas separadas geograficamente. O sistema funciona como um canal de TV bidirecional (e é usado todo o tempo pelas emissoras, como aconteceu durante a última Copa do Mundo na França) e proporciona uma grande naturalidade à colaboração entre essas pessoas.

A videoconferência existe desde os anos 70s, mas está vivendo agora o seu período mais intenso de crescimento, graças ao uso de tecnologias digitais e à oferta universal de linhas adequadas para a sua implementação pelas companhias telefônicas. Um sistema de videoconferência de alta qualidade tipicamente utiliza linhas digitais do tipo DataFone (um serviço já oferecido pela TELESP, atualmente Telefonica), que têm um número de discagem como qualquer outra linha, e que transmitem a 64 Kbits por segundo (um pouco mais rápido do que os modems de última geração). No mundo todo (e dentro em breve no Brasil também), utiliza-se uma linha de maior velocidade chamada ISDN (da sigla em inglês Integrated Services Digital Network, ou Rede de Serviços Digitais Integrados), que atingem a velocidade de 128 Kbits por segundo. É possível fazer uma videoconferência de qualidade razoável usando essa velocidade (ou usando duas linhas DataFone em paralelo, o que é possível). O termo "razoável" aqui significa um vídeo que transmite a 15 quadros por segundo, incapaz de mostrar movimentos rápidos e um áudio monofônico com qualidade de TV). Utilizando-se três linhas ISDN, a qualidade é espetacular, com 30 quadros por segundo. Evidentemente, sai mais caro.

A vantagem de se ter um sistema de videoconferência digital é que é possível enviar-se dados, além de imagens. Uma sala de videoconferência comumente tem os seguintes equipamentos: uma ou duas câmaras de vídeo para enquadramentos gerais (com zoom), microfones omni e unidirecionais, um ou dois monitores de vídeo de grandes dimensões, ou um projetor de vídeo (canhão) e uma câmara de documentos. Além disso, há um console de controle (teclado que permite ligar e desligar componentes, orientar a câmara, fazer a ligação, etc.) e o sistema de computação (hardware e software) responsável pelo gerenciamento, conversão e transmissão de imagens, sons e dados. Existem empresas como aPictureTel (www.picturetel.com), líder mundial de mercado na área de colaboração visual, que oferecem uma ampla gama de sistemas de videoconferência, desde conjuntos simples que funcionam através de linhas telefônicas comuns ou redes locais, baseados em microcomputadores, até sistemas complexos e de alta qualidade, que custam mais de 100 mil reais.
As empresas e as instituições estão descobrindo as enormes vantagens da videoconferência. Filiais e matriz estão em permanente contato, e permitem uma grande economia de tempo e de dinheiro, ao evitar viagens desnecessárias, fazendo reuniões entre equpes através da videoconferência. Muitas universidades estão usando a videoconferência para apoio ao ensino à distância, com resultados espetaculares. No Brasil por exemplo, a Fundação Getúlio Vargas está oferecendo cursos de mestrado em Administração com a participação de professores dos EUA.

Em medicina, odontologia, agricultura, etc., o telediagnóstico é uma das maiores aplicações da videoconferência. Na telemedicina, médicos situados em locais distantes podem intercambiar os dados de um paciente (inclusive radiografias, ultrassom, eletrocardiograma, etc.) e discutir o melhor diagnóstico e tratamento. Isso é especialmente útil para dar suporte terciário a centros médicos distantes e em regiões carentes, que não contam com médicos especialistas, ou então para locais de difícil acesso, como prisões, plataformas petrolíferas, zonas de desastres, etc. Nos EUA existem mais de 400 programas de telemedicina em andamento.

Até recentemente, a videoconferência era pouco usada no Brasil, principalmente devido à falta de linhas digitais e ao alto custo dos equipamentos e das conexões. Com a privatização das empresas de telecomunicação, espera-se que essa situação mude rapidamente, e que essa fantástica tecnologia comece a ser usada com todas suas vantagens por aqui também.
 

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Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 1/12/98.
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